Empresas que atendem confecções pernambucanas tratam água usada na lavagem do jeans; processo reduz custos e contribui para a preservação de recurso hídricos
Cerca de 40 lavanderias já implantaram ou estão instalando sistema de tratamento
Brasília - No Dia Mundial da Água, um bom exemplo do uso racional do recurso hídrico vem das lavanderias de pequeno porte que atendem confecções do Arranjo Produtivo Local (APL) da Moda de Caruaru, no agreste pernambucano, região em que água sempre foi um bem pra lá de precioso. Cerca de 40 lavanderias do município já instalaram ou estão implantando sistemas de tratamento.
O projeto de adequação das lavanderias de Caruaru, com a adoção do sistema de tratamento da água utilizada na lavagem do jeans, foi denominado ‘Lavar sem Sujar’. É realizado pelo Sebrae em Pernambuco em parceria com o Centro de Tecnologia da Moda de Pernambuco e o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). Apóiam a iniciativa a Associação Comercial de Caruaru e a prefeitura da cidade.
O trabalho é similar ao que foi feito com lavanderias da vizinha de Toritama, cidade que também tem na produção de jeans uma das principais atividades econômicas. As consultorias realizadas pelo Itep para implantação de sistemas de tratamento de água nas empresas são subsidiadas com recursos do programa Sebrae de Consultoria Tecnológica (Sebraetec).
“O Sebraetec foi a ferramenta mais prática para viabilizar esse tipo de assistência tecnológica”, diz Lenildo Pedro da Silva, gerente do Centro de Tecnologia da Moda de Pernambuco. Segundo ele, a consultoria para implantação do sistema de tratamento requer baixo investimento e, por isso, tem sido acessível aos proprietários das lavanderias, quase todas de micro e pequeno portes.
O empresário Damião Jadilson da Silva, da Lavanderia Alvorada Nova, já faz o tratamento da água usada na lavagem do jeans de sua própria confecção. Além de não descartar mais água sem tratamento na bacia do rio Ipojuca, um dos principais da região, o processo também permite o reaproveitamento de parte da água.
Com isso, a Lavanderia Alvorada Nova consegue reutilizar 30% dos 30 mil litros gastos semanalmente com a lavagem de peças de roupa, principalmente jeans. “Essa água que é reaproveitada após passar pela estação de tratamento é de excelente qualidade para fazer novas lavagens de jeans”, afirma Damião. “E o importante desse processo é que, além de não prejudicar o meio ambiente, ainda consigo reduzir custos na lavanderia”, acrescenta.
E a redução de custos com água é um elemento fundamental. Isso porque a maioria das lavanderias de Caruaru adquire água de caminhões-pipa, principalmente no período de estiagem. “E implantar o sistema de tratamento que não é caro; até porque, se fosse, eu não teria condições, já que, como todo empresário de pequeno negócio, convivo com a realidade da falta de capital de giro”, diz Damião.
Mercado externo
Quem também está adequando a essa nova realidade é Valdir Rocha, da Stomp Laser, lavanderia que leva o mesmo nome da sua confecção. O empresário, que coordena a Comissão do Arranjo Produtivo Local (APL) da Moda de Caruaru, já faz o tratamento da água utilizada na lavagem do jeans dos clientes. Isso significa que toda a água utilizada passa por um processo de tratamento que permite que seja descarta na natureza.
Quem também está adequando a essa nova realidade é Valdir Rocha, da Stomp Laser, lavanderia que leva o mesmo nome da sua confecção. O empresário, que coordena a Comissão do Arranjo Produtivo Local (APL) da Moda de Caruaru, já faz o tratamento da água utilizada na lavagem do jeans dos clientes. Isso significa que toda a água utilizada passa por um processo de tratamento que permite que seja descarta na natureza.
Com a conclusão do processo, Valdir poderá reaproveitar parte da água para realizar novas lavagens. A expectativa, segundo ele, é reaproveitar até 40% da água utilizada pela Stomp Laser.
Outra vantagem do processo, na avaliação do empresário, é a possibilidade de abrir portas no mercado externo para as roupas produzidas em Caruaru, já que o respeito às normas ambientais é pré-condição para atingir os mercados internacionais. “Isso é fundamental para as pretensões do APL de atingir o mercado externo”, afirma.
Laudemiro Ferreira Júnior, responsável pelo setor de confecção pelo escritório do Sebrae em Caruaru, também acredita que a adoção de sistemas de tratamento de água pelas lavanderias e confecções abre, de fato, perspectivas para que, no futuro, o APL de confecções ganhe força no mercado internacional.
“O respeito às normas ambientais é fundamental para quem tem o projeto de exportar e, nesse sentido, os empresários que estão se adequando podem sair na frente”, assinala Laudemiro.
Fonte: EcoViagem.uol.com.br